Templo dos Orixás


Pai Caamaño


Para quem desconhece informamos, e para quem já conhece lembramos: Pai Caamaño inclui-se entre os principais construtores do Oduduwa Templo dos Orixás no Brasil. Convencido de que um verdadeiro sacerdote de Orixás não deve apenas servi-los, mas, também, servir a seus devotos, Pai Caamaño, sacerdote cujo templo encontra-se na Galícia, garante: quanto mais se reparte, mais se obtém. Foi com esse espírito e nessa intenção, que ele, expressando sua gratidão pelas benesses recebidas dos Orixás por mãos do Babalorixá King, ofereceu à Família Oduduwa um presente de valor inestimável: a construção do magnífico Oduduwa Templo dos Orixás, espaço de encontro entre pessoas, e delas com as divindades do panteão iorubá.

Pai Caamaño é filho de um brasileiro com uma espanhola. Seu pai, descendente de índios, nascido na região amazônica, fez-se advogado e viajou à Espanha para representar o governo brasileiro em assuntos diplomáticos. Lá conheceu uma linda jovem de quinze anos com quem se casou e dessa união nasceu Caamaño. Quando o pai de Caamaño retornou ao Brasil por exigência de seus superiores, não trouxe consigo o menino nem sua mãe. Muito pobrezinhos, ele e a mãe dormiram em estábulos até os seus sete anos. Quem poderia imaginar que um menino tão pobre seria conduzido por caminhos tão diversos?



Da Espanha o jovem Caamaño mudaria para Portugal, seguindo depois para Nova York e, em breve, para a Índia, onde permaneceu por muito tempo. Posteriormente viajou para Birmânia, Nepal e Tailândia. Durante sua trajetória pelo mundo mantinha a própria subsistência a duras penas. No entanto, não desanimava porque sua busca espiritual era movida por intenso ardor. Em um pequenino monastério do Tibet encontrou as primeiras respostas a seus anseios e em Ptala, capital do país, foi iniciado como aprendiz do Lamismo, ramo do Budismo. Entendendo que esse caminho de busca espiritual não trazia resposta a seus anseios, o abandonou.

Por ocasião da invasão chinesa, muitos lamas fugiram do templo. Obrigados a longas caminhadas, ficavam com os pés inchados e doloridos. Pai Caamaño, na ocasião prisioneiro de Mao, dedicou-se ao cuidado dos soldados, banhando pés, curando feridas, evitando amputações.

Posteriormente viajou por Peru, Bolívia e Colômbia e travou amizade com xamãs, que lhe ensinaram rezas e usos terapêuticos de ervas, propiciando aprimoramento de um talento natural herdado do pai e já enriquecido anteriormente na Índia, China e Tailândia. No Haiti conheceu práticas resultantes da mescla do vodu africano com o espiritismo medieval europeu; no sudeste asiático - China, Coréia, Vietnam, Laos, Camboja, Tailândia e Birmânia – constatou que a iniciação e o transe podem adotar formas bastante distintas umas das outras. Na Oceania travou contato com aborígines cujas práticas religiosas assemelham-se às de algumas religiões africanas.

Apesar de tantas andanças, tantos aprendizados, tantas iniciações, Pai Caamaño ainda não sentia plenamente realizado o seu anseio espiritual. Na África visitou Congo Belga, Simbabwe, Botswana, Namíbia, Nigéria, Senegal, Gâmbia, Guine, Ganão, Namíbia, Gana, Benin, Togo. Embora o continente africano tenha sido o último a ser visitado, foi lá que reconheceu sua verdadeira pertença espiritual.

No entanto, seu Odu determinava que o tão desejado encontro de Caamaño, já homem maduro, com seu Ori, deveria ocorrer no Brasil, em São Paulo. Tendo travado contato com o iorubá Sikiru Salami, o Babalorixá King, surpreendeu-se com o fato que, a despeito de sua juventude, esse sacerdote era dotado de sabedoria e conhecedor de segredos. A orientação recebida durante o primeiro contato estabelecido entre esses dois grandes homens foi de uma precisão impressionante e as iniciações indicadas pelo jogo oracular proporcionaram grande progresso material e espiritual a Pai Caamaño e sua família. Atualmente, homem próspero, econômica e espiritualmente, agrega em torno de si muitos amigos e discípulos e atribui suas conquistas a Exu, seu Orixá predileto.

Primeira pessoa a divulgar a religião dos Orixás na Espanha, onde as religiões africanas ainda são perseguidas como redutos de “magia negra”, acolheu e orientou milhares de pessoas. Sempre apoiado e guiado por Exu, pelas Iyami e outros Orixás, curou física e espiritualmente inúmeras pessoas, e ajudou outras tantas a melhorarem suas vidas, por meio de bons conselhos e orientação segura. Em seu templo na Galícia não é incomum haver mais de trezentas pessoas sendo iniciadas de uma única vez. Renomado, conhecido internacionalmente, seus clientes vêm de muitos países - Suíça, Alemanha, Itália, Grécia, Inglaterra, Estados Unidos, México...

Seguindo o exemplo de Exu, Pai Caamaño procura restituir com acréscimos o bem recebido. E o reconhecimento de que tantas benesses foram fartamente oferecidas a ele por Orixás ao longo de sua trajetória existencial, o levou ao gesto generoso de financiar a construção do Oduduwa Templo dos Orixás, na cidade de Mongaguá, litoral sul de São Paulo: “Quem reverencia os Orixás não tem nada a perder. Ao contrário: ganha muito”.

Isso nos ensina nosso filho, amigo e irmão Pai Caamaño, a quem devotamos gratidão e carinho. Que a generosidade de Orixá e de homens como este inspirem nossas ações. Que o Oduduwa Templo dos Orixás possa ser solo fértil para que as sementes do Bem ali semeadas brotem e resultem em perfumadas flores e fartos frutos. A sociedade humana está carente de práticas benevolentes. Esse será o melhor retorno à generosidade de pai Caamaño: uma humanidade melhor, para cuja construção ele certamente contribuiu e continua contribuindo.

A Família Oduduwa reverencia teu Ori, Pai Caamaño, nosso amado filho, amigo e irmão!