Centro Cultural


Centro Cultural

O Centro Cultural Oduduwa, fundado em 1988 pelo Babalorixá Sikiru Salami, o Babá King, é reconhecido por seu pioneirismo na difusão fidedigna de práticas religiosas e culturais do povo iorubá. Vem disseminando a milhares de pessoas, além do conhecimento a respeito dos fundamentos milenares dessas práticas africanas, o idioma falado e escrito por esse povo da África do Oeste, residente na Nigéria, no Togo e na República do Benin (antiga Daomé), que teve forte participação na construção de países da diáspora africana e encontra-se enraizado em suas culturas.


Fortes determinantes históricos levaram os brasileiros – como tantos outros latino-americanos e caribenhos – a construir uma postura eurocêntrica que, fazendo vistas grossas à composição multicultural e pluri-racial do Brasil e de outros países da diáspora africana, gera sérios (por vezes irreparáveis) danos à construção de identidades individuais e coletivas. A transformação desse status quo demanda correção da ótica e exige de todos os envolvidos, particularmente dos profissionais da Educação e da Mídia, instrumental teórico-prático adequado, ou seja, informações fiéis transmitidas segundo princípios éticos e morais que constituem o cerne da própria sabedoria milenar dos povos africanos. Daí a importância do Centro Cultural Oduduwa no Brasil, segundo país em população negra no mundo, atrás apenas da Nigéria, e o primeiro país em população negra fora do continente africano.


Tendo por objetivo geral a defesa, a preservação e a restauração das raízes africanas das sociedades latino-americanas e caribenhas, particularmente das raízes iorubás, o Centro Cultural Oduduwa propõe-se a:


1. Registrar e divulgar ensinamentos da tradição oral iorubá.

2. Promover o ensino do idioma iorubá. Este idioma, falado por mais de 30 milhões de iorubás nativos e aprendido por muitos outros africanos no continente de origem, é uma das cinco línguas mais usadas da África. Além disso, o português falado no Brasil caracteriza-se pela expressiva presença de vocábulos iorubás; mais especificamente, trata-se de um idioma de aprendizado indispensável aos praticantes das religiões de matriz iorubá.

3. Elaborar e desenvolver projetos de ensino (incluindo cursos, seminários, oficinas e mesas-redondas), na sede do Centro Cultural Oduduwa ou em outros locais, a convite de pessoas físicas ou organizações de cunho educacional, cultural, artístico e religioso.

4. Elaborar e desenvolver projetos de pesquisa e intervenção social.

5. Organizar eventos, encontros e congressos para favorecer o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre pessoas e entre grupos.

6. Estimular a parceria, o diálogo local e a solidariedade entre entidades que visam interesses comuns.

7. Divulgar, nas áreas educacional, social, cultural, artística e religiosa, informações advindas das iniciativas acima mencionadas, sob diversas formas, inclusive a de material didático e paradidático.

8. Participar do movimento de africanização das práticas religiosas de culto aos orixás no Brasil, com vistas à recuperação de parte dos ensinamentos que, trazidos pelos africanos escravizados, perderam-se durante o processo de sincretismo. Para isso, são utilizados os seguintes recursos:

A. O Centro Cultural Oduduwa traz ao Brasil babalaôs, babalorixás e ialorixás, sacerdotes e sacerdotizas da Religião Tradicional Iorubá, além de músicos tradicionalistas e artistas de reconhecido respeito, para que realizem processos de iniciação e outras práticas religiosas.
B. É enfatizada a importância da palavra e da língua dos orixás, pois o iorubá é de aprendizado indispensável às práticas religiosas de matriz iorubá, dada a importância conferida ao poder místico e mágico da palavra nesta sociedade de tradição oral. Além do poder esotérico das palavras utilizadas nos rituais, o conhecimento desse idioma nos países da diáspora confere poder político e prestígio aos sacerdotes e às sacerdotisas que dele se utilizam, por tratar-se de um meio de comunicação no interior desse grupo religioso.
C. São ministrados cursos, que podem ser assistidos por qualquer interessado e que incluem o ensino de rezas e cantigas, indispensáveis recursos de comunicação entre os homens, a natureza e as divindades.
D. São realizadas consultas oraculares através do erindilogun (o famoso jogo dos dezesseis búzios), que podem ser agendadas por qualquer interessado.